A elegância e riqueza vivenciadas por Alcântara durante seu apogeu econômico são relembradas a cada ano durante a Festa do Divino Espírito Santo, uma das manifestações culturais mais famosas do estado. É provável que tenha chegado ao Maranhão com açorianos que aportaram na região entre 1615 e 1625. Apesar de sua origem européia, é forte a participação de negros na festa alcantarense, marcada pelo toque das caxeiras e pela distribuição do doce-de-espécie.
A festa tem seu ápice durante o domingo de Pentecostes (50 dias após a Páscoa), mas os rituais começam na quarta-feira da semana anterior, quando o Mastro do Divino, um tronco de 10 metros, é levado pelos devotos do porto até a praça Gomes de Castro. Acompanhados de músicos e sob foguetório, eles fixam no alto do tronco a bandeira do Divino.
Na Quinta da Ascensão, caixeiras fazem alvorada às 4 da manhã em frente ao mastro e pela manhã seguem com o mestre-sala, bandeireiras e a orquestra até a casa do Imperador. Todos assistem a uma missa, onde o Imperador é coroado e uma pomba branca, símbolo da festa, é solta. O cortejo segue então de volta até a casa do Imperador, onde são servidos doces. À tarde, os mordomos são "presos" e oferecem prendas ao Divino, junto ao mastro, para serem libertados.
No sábado do meio, o mordomo régio, após pedir autorização ao Imperador, saúda os demais mordomos e depois recebe o povo em sua casa. Este ritual se repete no domingo, após a missa. Na semana seguinte os demais mordomos também visitam o Imperador e promovem festas.
Na sexta-feira seguinte, um boi percorre as ruas enfeitado de flores e é sacrificado na manhã seguinte.
No sábado, o imperador e mordomos distribuem esmolas aos pobres.
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A Festa do Divino é uma manifestação religiosa que surgiu em terras portuguesas no início do século XIV, por iniciativa da rainha Santa Isabel. Seu nome refere-se ao Divino Espírito Santo porque é a data de sua comemoração. Dia de Pentecostes, celebrado cinquenta dias após a Páscoa, é a mesma em que os católicos relembram a descida do Espírito Santo sobre os doze appóstolos discípulos de Jesus, e a proclamação solene do Evangelho, feita por São Pedro, quando então a Igreja ficou publicamente constituída.
A origem remonta às celebrações religiosas realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada copm banquetes coletivos desgnados de Bodo aos Pobres, com distribição de comida e esmolas. Desde seus primórdios, os festejos do Divino, realizados na época das primeiras colheitas do calendário agrícola do hemisfério norrte, são marcados pela esperança na chegada de uma nova era para o mundo dos homens, com igualdade, prosperidade e abundância para todos. A devoção ao Divino encontrou um solo fértil para florescer nas colônias portuguesas, especialmente no arquipélago dos Açores. De lá, espalhou-se para outras áreas colonizadas por açorianos, como a niova Inglaterra, nos Estados Unidos da América e diversas partes do Brasil.
A literatura histórica diz que a Festa do Divino começou a ser celebrada no Brasil por volta de 1765, trazida pelos jesuítas e portugueses que se haviam localizado principalmente nas áreas em que ocorria a extração de ouro, mas alguns pesquisadores se baseiam em indícios para defender a tese de que seua chegada ao Brasil ocorreu pouco mais de cem anos antes disto, por intermédio de açorianos que entre 1615 e 1625 a trouxeram ao Maranhão. Depois, e ao longo do tempo, ela acabou se transformando em uma das manifestações folclóricas mais ricas do estado, sendo as mais famosas as que acotecem no eixo São Luis - Alcântara.
A Cidade Histórica de Alcântara abriga a maior Festa do Divino do Estado, com cortejos, visitas e rituais ricos em arte, indumentária, canto, dança e culinária, que fazem neste período, a cidade vivenciar seus áureos tempos do Brasil Colonial, onde era um dos maiores centros econômicos do Maranhão.
Fontes:
http://www.cidadeshistoricas.art.br/alcantara/al_div_p.php
e panfleto que eu trouxe de Alcântara sobre a Festa do Divino