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Neste blog você encontra um pouquinho de mim...
Agulhas a parte, este é o lado da Nair não crocheteira...simplesmente gente.
Meu outro blog:
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segunda-feira, 26 de abril de 2010

DEGUSTAÇÃO DE VINHO EM MINAS

- Hummm...

- Hummm...

- Eca!!!

- Eca?! Quem falou Eca?

- Fui eu, sô! O senhor num acha que esse vinho tá com um
gostim estranho?

- Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com
leve toque de Trufas brancas, revelando um retrogosto
persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças
tropicais atávicas...

- Putaqueupariu sô! E o senhor cheirou isso tudo aí no
copo ?!

- Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor?

- Cêbêsta sô, eu não! Sou isso não senhor!! Mas que
isso aqui tá me cheirando iguarzinho à minha egüinha
Gertrudes depois DA chuva, lá isso tá!

- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!

- O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo
e enfiando o narigão lá dentro. O senhor tá gripado, é
?

- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de
degustação entende? Caso queira, posso ser seu mestre na
arte enológica. O senhor aprenderá como segurar a
garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho
e,então...

- E intão moiá o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha
adamascada!

- O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo
no...

- Mais num vai introduzi é nada e nunca! Desafasta, coisa
ruim!

- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de
degustação. Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns
franceses jovens...

- Hã-hã... Eu sabia que tinha francês nessa história
lazarenta...

- O senhor poderia começar com um Beaujolais!

- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana!

- Então, que tal um mais encorpado?

- Óia lá, ocê tá brincanu com fogo...

- Ou, então, um suave fresco!

- Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá coçando
de vontade de metê um tapa na sua cara desavergonhada!

- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor
vai gostar!

- Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, memo! Num é
questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de
brabuleta. Meu negócio é outro, qui inté rima com
brabuleta...

- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?

- E que tal a mão no pédovidu, hein, seu fióte de
Belzebu?

- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere
um duro e macio, acertei?

- Eu é qui vô acertá um tapão nas suas venta, cão
sarnento! Engulidô de rôia!

- Mole e redondo, com bouquet forte?

- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... E é dois... E é
trêis! Num corre, não, fiudaputa! Vorta aqui que eu te
arrebento, sua bicha fedorenta!...


Luiz Fernando Veríssimo

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